A declaração do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, afirmando que os partidos políticos não devem instigar actos que alterem a ordem pública, soa contraditória e até irônica, dado o histórico de insatisfação que a população tem enfrentado ao longo dos anos. O governo, que deveria ser responsável por promover o bem-estar social e trazer esperança ao povo, tem sido, em muitos momentos, fonte de desespero e frustração. Em um país onde a população deveria estar em melhores condições, o cenário é de crescente descontentamento, agravado pela falta de respostas e soluções adequadas por parte do Estado.
A fala do ministro, ao acusar os partidos políticos de incitarem o caos, parece deslocada, pois há uma percepção de que o próprio governo tem contribuído para o desespero social. Este tipo de discurso sugere uma tentativa de culpar a oposição pelos problemas que são, na verdade, consequência de má gestão e da deterioração das condições de vida do povo. Há, inclusive, uma conhecida frase na comunicação que ilustra bem essa situação: “Se você não quer ser notícia, não faça algo que mereça ser noticiado”. Nesse sentido, muitos dos casos que envolvem figuras públicas não são fabricados ou manipulados pela oposição, mas sim resultados de ações que estão visíveis a todos e amplamente discutidas na sociedade.
Além disso, o ministro Eugénio Laborinho, em sua função, tem sido alvo de críticas devido a uma série de eventos extrajudiciais, incluindo casos de violência, repressão e até mortes que mancham a reputação de seu ministério. Apesar da gravidade dessas ocorrências, ele raramente se pronuncia ou toma medidas claras para lidar com as denúncias. A ausência de um posicionamento firme sobre essas questões cria uma imagem negativa de sua atuação como responsável pela segurança e ordem pública.
Portanto, é lamentável que o ministro escolha se expressar dessa forma, acusando partidos de serem instigadores da desordem, quando ele próprio está ciente da profunda insatisfação popular e dos inúmeros problemas que afetam o país. O silêncio ou a omissão em momentos cruciais apenas reforçam a ideia de que, em vez de buscar soluções para o sofrimento do povo, o governo prefere encontrar culpados externos para suas próprias falhas.
(Henda Ya Xyetu/Watsapp)