José Juliano Sakalumbo, Secretário Provincial Adjunto de Luanda do Bloco Democrático, enfaticamente afirma que uma negociação na qual uma das partes não demonstra interesse é uma perda de tempo.
A negociação é um processo intricado de interação social, envolvendo duas ou mais partes em discussões sobre seus interesses mútuos. No entanto, quando uma das partes, neste caso o governo, não está disposta a ceder, surgem impasses. Isso ocorre porque os interesses do governo são colocados em xeque, desafiando a possibilidade de concessões.
O impasse nesta negociação é evidente: a classe trabalhadora busca um ajuste salarial considerável, enquanto o governo expressa reservas, argumentando que tal aumento é excessivo. Um exemplo concreto é o pedido da classe trabalhadora por um ajuste salarial para 245.000 kz, em comparação com o salário mínimo anterior de 32.181,15 kz.
Por que o governo considera essa demanda excessiva? Será que isso ameaça os benefícios do executivo?
Essas perguntas ecoam sem resposta, a menos que o governo seja transparente sobre suas preocupações com esse povo sofrido. Uma análise mais detalhada, incluindo cálculos específicos, pode nos levar a entender melhor a recusa do governo em relação ao ajuste do salário mínimo.
Por exemplo, consideremos as despesas correntes de certos cargos: cada ministro tem uma despesa adicional de 25 milhões kz, o PCA da TAAG tem um salário médio de 60 milhões kz, e o Diretor da TAAG tem um salário médio de 30 milhões kz, entre outros.
Ao dividirmos esses valores pelos custos médios de vida, encontramos uma discrepância notável:
- 25.000.000 ÷ 102 = 245.098,039
- 60.000.000 ÷ 244 = 245.901,639
- 30.000.000 ÷ 122 = 245.901,639
Esses cálculos indicam que, embora apenas 25 indivíduos estejam envolvidos, eles afetam indiretamente 2.712 funcionários. No entanto, o governo parece relutante em negociar com os sindicatos, temendo que seus próprios benefícios estejam em risco.
Para alcançar um ajuste salarial adequado, é imperativo reduzir as despesas nos ministérios, departamentos e outros setores. A verdadeira prosperidade econômica não pode ser alcançada com salários inadequados; é essencial estabelecer um valor justo que garanta o poder de compra necessário.
Por: Adelino Manuel Manino
Luanda, 15 de Abril de 2024