Em Angola a realidade muitas vezes se esconde atrás de palavras grandiosas e discursos vazios, a mais recente nota do MPLA, enviada directamente ao gabinete do Presidente João Lourenço, soa como mais uma tentativa desesperada de encobrir um colapso iminente. Ao ler o documento, não podemos deixar de notar a distância abismal entre o tom triunfalista da nota e a realidade que se desenrola diante dos olhos dos angolanos.
O documento fala em um “enorme sucesso” no processo de renovação das assembleias e conferências, como se essa fosse a resposta definitiva para os problemas que assolam o país. Mas será que alguém realmente acredita nisso? A verdade, dolorosa e incontestável, é que essas assembleias são meras formalidades que servem para manter a aparência de unidade e força dentro do partido. No entanto, a realidade fora dos muros dos gabinetes do MPLA é bem diferente.
O elevado índice de rejeição social ao MPLA não é um mero acidente ou fruto de uma conspiração externa, como a propaganda partidária tenta nos fazer acreditar. É o resultado directo de décadas de promessas não cumpridas, corrupção desenfreada e uma gestão que prioriza os interesses de uma elite restrita em detrimento da maioria do povo angolano.
A palavra “disciplina” é repetida com insistência, como um mantra que deve ser seguido cegamente. No entanto, a disciplina que o MPLA prega não é a de trabalhar para o bem comum, mas sim a de seguir sem questionar as ordens de cima, mesmo que essas ordens sejam prejudiciais ao país. A disciplina do MPLA é, na verdade, um mecanismo de controle que mantém os militantes e simpatizantes presos a uma narrativa que já não convence ninguém.
A metáfora da navegação usada na nota é particularmente irônica. O MPLA tenta se apresentar como um capitão firme no leme, conduzindo o país a um porto seguro. Mas qual porto seria esse? A economia está à deriva, as finanças do país são um naufrágio anunciado, e a realidade social, que deveria ser a prioridade, é negligenciada em prol de uma agenda política que só beneficia os mesmos de sempre.
A estrela cintilante da bandeira do MPLA pode até brilhar, mas seu brilho é artificial, sustentado por uma máquina de propaganda que não consegue mais esconder as rachaduras profundas no casco desse navio chamado Angola. A realidade é que, enquanto o MPLA insiste em ignorar os sinais de colapso, o país está à beira de um abismo, e a rejeição popular cresce a cada dia.
A nota do MPLA é, em última análise, um reflexo do estado desesperado de um partido que tenta a todo custo manter as aparências, enquanto o chão se desintegra sob seus pés. O encontro do João Lourenço com os primeiros secretários dos CAP pode ser relevante para a máquina interna do partido, mas é irrelevante para os milhões de angolanos que enfrentam uma crise social, econômica e política sem precedentes.
A verdade é que o MPLA precisa mais do que reuniões internas e palavras de ordem. Precisa de uma transformação genuína, algo que parece cada vez mais distante, à medida que o partido se afunda em sua própria retórica vazia. E enquanto isso, o povo angolano continua à espera do Adalberto Costa Júnior que realmente irá governar Angola com todos para todos e por todos os patriotas.
Por Hitler Samussuku