A tão aguardada visita do Presidente americano, Joe Biden, a Angola despertou grande expectativa por parte do Presidente João Lourenço e dos seus apoiantes, que viam esta deslocação como uma excelente oportunidade para reforçar a sua legitimidade e manipular não apenas os angolanos, mas também a comunidade internacional. Contudo, o inesperado cancelamento da visita, justificado por “questões climáticas”, suscitou dúvidas acerca das verdadeiras motivações por detrás da decisão e das intenções reais de Biden.
Fontes americanas indicam que a CIA, em colaboração com outros serviços de inteligência, já estava a monitorar a situação política em Angola. As análises apontavam preocupações significativas em relação à impopularidade de Lourenço. Relatórios sugerem que, ao se afastar do povo e dos seus aliados como a Rússia e a China, João Lourenço procurou apoio no Ocidente, especialmente nos Estados Unidos, na esperança de usar a visita de Biden como um meio de legitimar a sua administração e intimidar opositores, tanto dentro como fora do MPLA. Essa abordagem tornaria a visita numa forma de apadrinhamento político, o que se revelaria incompatível com os princípios democráticos que os Estados Unidos se esforçam por defender.
Adicionalmente, a análise estratégica realizada pelo Departamento de Estado dos EUA concluiu que associar a imagem de Biden à administração Lourenço, especialmente num momento de crescente instabilidade política e incertezas sobre a sucessão, constituiria um erro considerável, podendo ser interpretada como uma intromissão indesejada nos assuntos angolanos, algo que os EUA procuram evitar a todo custo.
Com a aproximação das eleições nos EUA e a necessidade de Biden concentrar esforços na sua campanha, fontes próximas à administração indicam que a última viagem oficial de Biden ocorrerá na Alemanha, um claro sinal de que a sua agenda se está a direccionar para questões mais urgentes e locais, deixando a situação de Lourenço entregue aos desafios internos.
Com o cancelamento da visita, a estratégia de intimidação de João Lourenço encontra-se em colapso. A crescente preocupação com o aumento da contestação social, impulsionada pela inflação e pela desvalorização do Kwanza, intensifica-se. O povo angolano, fustigado pela desigualdade e pela degradação da qualidade de vida, enfrenta um futuro incerto e atribulado.
Este panorama revela que os desafios para João Lourenço estão longe de ser superados. A tarefa de manter-se no poder em meio a um cenário tão tumultuado promete tornarse cada vez mais complexa, com muitos a acreditarem que a sua permanência no cargo poderá, efetivamente, ser uma missão impossível.
Nova Iorque, 12 de Outubro de 2024