O vício do poder põe em causa a democracia – José Juliano Sakalumbo

O secretário Provincial Adjunto do Bloco Democrático em Luanda, José Juliano, afirma que o vício do poder põe em causa a democracia devido aos perigos, o abuso de poder e a concentração de autoridade que representam para os princípios democráticos. A democracia, por definição, é um sistema de governo onde o poder é distribuído e exercido pelo povo, geralmente através de representantes eleitos. No entanto, quando o poder se torna um fim em si mesmo, há uma tendência de se desviar dos ideais democráticos e cair em práticas autoritárias.

Por exemplo: Há uma notável coincidência em torno das eleições, nas quais a oposição alega ter provas de que venceu e convoca uma manifestação para que cada cidadão reivindique seus direitos. A situação é comparável às eleições em Angola, onde os derrotados foram considerados vencedores e os vitoriosos, perdedores. Segundo Edmundo Gonzalez, do partido de oposição, seu partido obteve 6.275.182 votos, contra 2.759.256 votos de Nicolas Maduro, do partido no poder, representando 73% dos votos contabilizados. No entanto, o partido no poder se declarou vencedor, e os observadores eleitorais estão exigindo uma recontagem dos votos, questionando a origem de alguns dos resultados. Segundo o CNE, Nicolas Maduro, presidente do partido no poder, teria obtido 51,4% dos votos, enquanto Edmundo Gonzalez recebeu 44,6%, com outros partidos somando 4,16%, resultando em uma soma que ultrapassa 100%. Por isso, os cidadãos estão nas ruas exigindo a recontagem dos votos, bem como legalidade e transparência no processo eleitoral.

O partido no poder ameaçou com um “banho de sangue” caso o povo saísse às ruas. Mesmo assim, a população se mobilizou, e até o momento, há registro de sete venezuelanos mortos e alguns feridos.

No meu entender descrevi alguns pontos-chave sobre que pode nos ajudar sobre os partidos que têm vício de poder e sem pôr em causa a vida humana:

  1. Concentração de Poder: Quando o poder se concentra nas mãos de poucos, ou mesmo de um único indivíduo, há um risco significativo de abuso. A centralização excessiva pode levar à criação de um ambiente onde as vozes dissidentes são silenciadas e as liberdades civis são restringidas.
  2. Corrupção e Nepotismo: O vício do poder pode alimentar a corrupção, onde aqueles no poder utilizam suas posições para benefícios pessoais, em detrimento do bem público. Nepotismo e favoritismo também são manifestações desse vício, minando a confiança pública nas instituições democráticas.
  3. Erosão das Instituições Democráticas: Quando os líderes se apegam ao poder, muitas vezes tentam enfraquecer as instituições que deveriam servir de contrapeso, como o judiciário, a mídia e os órgãos de fiscalização. Isso pode levar a uma erosão gradual da democracia, onde as regras e normas são manipuladas para manter a elite no poder.
  4. Supressão de Direitos: Governos que se tornaram viciados no poder podem recorrer à repressão para manter o controlo. Isso pode incluir a censura da mídia, a prisão de opositores políticos e a manipulação de eleições. Tais ações são diretamente contrárias aos princípios de uma sociedade livre e justa.
  5. Ciclo de Auto perpetuação: Uma vez que o poder é abusado, é difícil para aqueles que o detêm abrir mão voluntariamente. Isso cria um ciclo vicioso, onde o desejo de manter o controlo leva a mais abusos e à erosão da democracia.

Em resumo, o vício do poder é um perigo real para a democracia. Ele pode corroer a confiança nas instituições, suprimir direitos fundamentais e levar a um governo autoritário. É essencial que as sociedades democráticas tenham mecanismos de controlo e equilíbrio para evitar que o poder se torne um fim em si mesmo, e que haja uma cultura de responsabilidade e transparência. No entanto em ANGOLA assim como em outros países antidemocrática precisa de uma democracia verdadeira.

Por José Juliano Sakalumbo

Jose Juliano

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