A Liga da Mulher Angolana (LIMA), braço feminino da UNITA, acaba de viver um momento emblemático de sua história política. No Congresso recentemente realizado, três candidatas concorreram ao cadeirão máximo da organização: Cesaltina Kulanda, Etna Kapapelo e Maria Sapalalo. À primeira vista, Etna Kapapelo parecia destinada à victória. Confiante e com uma forte presença tanto nas redes sociais quanto no terreno, Etna Kapapelo se posicionou como a favorita desde o início da campanha. Maria Sapalalo, por sua vez, encantou com sua dicção precisa, mas ainda assim, as apostas a colocavam em segundo plano. Cesaltina Kulanda, por outro lado, era vista quase como uma carta fora do baralho, pouco mobilizada e sem grande apoio interno ou digital.
No entanto, a política, assim como a vida, é repleta de surpresas. O primeiro turno trouxe resultados inesperados: Etna Kapapelo liderou com 45% dos votos, mas o terceiro lugar, previsto para Cesaltina Kulanda, não se concretizou. Ela conquistou 30% dos votos, forçando uma segunda volta entre ela e Etna Kapapelo, já que nenhuma das candidatas obteve mais de 50% dos votos.
A segunda volta, sob a óptica dos sistemas eleitorais, frequentemente favorece quem inicialmente ficou em segundo lugar, uma vez que tende a agregar os votos da terceira colocada. Esse fenômeno já foi observado, como bem exemplifica Jairo Nicolau na sua obra “Sistemas Eleitorais”, ao relatar a inversão de resultados na disputa entre Mário Soares e Diogo Freitas do Amaral nos anos 1980. Na política angolana, um caso semelhante poderia ter sido visto nas eleições de 1992, quando José Eduardo dos Santos, com menos votos que o MPLA, e Jonas Savimbi, com mais votos que a UNITA, acabaram envolvidos em uma guerra para o controle do poder.
Porém, ao contrário do que os analistas esperavam, Cesaltina Kulanda quebrou todas as previsões. Com impressionantes 55% dos votos na segunda volta, ela foi eleita para liderar a LIMA, numa virada que surpreendeu não só suas concorrentes, mas todo o cenário político. Essa reviravolta não é apenas um reflexo da sua determinação pessoal, mas também um indicador da maturidade política que a UNITA vem alcançando. A organização, sob a liderança de Adalberto Costa Júnior, reafirma seu compromisso com a democracia interna e com a transparência nas suas dinâmicas eleitorais.
Agora, Cesaltina Kulanda se junta a figuras de peso como Nelito Ekuikui, criando um trio estratégico ao lado de Adalberto Costa Júnior. Este novo equilíbrio de forças dentro da UNITA tem um objectivo claro: preparar o terreno para as eleições gerais de 2027 e levar o partido novamente à vitória.
O que parecia impossível se tornou realidade, e a LIMA, sob a liderança da Cesaltina Kulanda, promete continuar sendo uma força poderosa no cenário político angolano.