Contar essencialmente com as próprias forcas é um princípio universal, consagrado pelas lideranças revolucionárias que ao longo da história resistiram à opressão colonial e à dominação das grandes potências. Exemplos da China de Mao Tsé-Tung, e de Angola de Jonas Savimbi contra as forças de ocupação russas e cubanas. O Dr. Savimbi começou em 1976 a luta de resistência contra essas forças de ocupação,c ontando apenas com o apoio do povo, só mais tarde teve apoios externos importantes, dos Estados Unidos, da Africa do sul, dos paises africanos moderados e de todos que combatiam a então União Soviética. Por essa razão, a ajuda externa deve ser consequência e não a causa da luta dos povos pela liberdade e pela paz.
No contexto actual, é prova disso, a resistência heróica de Zelenskey e do seu povo, o que lhe tem granjeado muito respeito e admiração. A sua decisão de resistir à invasão russa, contando apenas com o seu povo, foi histórica e é retribuída, vinte e um dias depois do início da invasão, com a solidariedade e ajuda internacional aos deslocados e refugiados de guerra, e com a ajuda militar em antitanques e mísseis anti aéreos. A sua comunicação nas redes sociais, ao país e o mundo, é prova da sua determinação.
De facto, a missão de alto nível, constituída por Chefes de governo da Polônia, da República Checa e da Eslovênia, que se deslocou à capital ucraniana para encontros com o Presidente Zelensky, nas últimos dias, é, indubitavelmente, um apoio diplomático importante e um reconhecimento do seu papel histórico na região. Se tivesse fugido, o rumo dos acontecimentos teria sido seguramente outro.
Neste esforço de amor a pátria, uma nota de respeito aos serviços de emergência e aos bombeiros da Ucrânia. Sempre presentes nos locais e nos momentos mais críticos para socorrer os feridos. Apagar os incêndios. Recolher e enterrar os mortos, vítimas dos ataques indiscriminados, com bombas, mísseis e artilharia, disparadas com o propósito deliberado de destruir as cidades ucranianas, eliminar civis, e arrasar o moral da população.
Por outro lado, essa destruição e o sofrimento comum infligido aos milhões de ucranianos pela Russia tem reforçado, de facto, os laços de unidade nacional e o sentido de nação entre os ucranianos que resistem com audácia. Kiev, a capital do país, pode se transformar no Stanlinegrado dos russos, na Ucrânia.
O Kremlin subestimou a capacidade de resistência popular dos ucranianos. Perdeu o factor tempo. A guerra rápida e cirúrgica, como desejava, encontrou forte resistência no terreno. Transformou-se numa guerra que se prolonga. Esticou as suas linhas logísticas e as unidades russas ficaram envolvidas pelas bolsas de guerrilha urbana ucraniana. Motivadas, atacam quando e onde querem, um dos princípios clássicos da guerra de guerrilhas. As sanções, o isolamento internacional e as manifestações contra a guerra que acontecem na Rússia, e em quase todas as capitais ocidentais, colocam o Presidente da Rússia, numa situação difícil que se vai agravar na medida que a guerra se prolongar.
Alcides Sakala