A AMBIÇÃO DESMEDIDA DE JOÃO LOURENÇO E O FUTURO INCERTO DO MPLA “ADEUS CAMARADAS”

À beira de completar 50 anos ininterruptos de poder, o MPLA enfrenta um momento crítico em sua história. O partido que, desde 1975, governou Angola com punhos de ferro, encontra-se agora à beira de um precipício. A raiz deste perigo é a ambição desmedida do presidente João Lourenço, que pode, ironicamente, levar ao colapso do próprio partido que ele lidera.

Em um cenário que evoca lembranças dos trágicos acontecimentos de 27 de maio de 1977, quando uma tentativa de golpe dentro do próprio MPLA resultou em uma repressão brutal, a atual postura de Lourenço promete reacender velhas tensões. Desta vez, a ameaça vem de sua tentativa de alterar a Constituição da República de Angola, uma Constituição que ele mesmo jurou cumprir ao tomar posse, sob o olhar vigilante de sua pupila, Laurinda Cardoso.

A Constituição, criada e aprovada pelo MPLA em 2010, estabelece claramente que cada presidente deve servir apenas dois mandatos de cinco anos cada, totalizando uma década no poder. No entanto, mesmo diante da crescente impopularidade e do elevado índice de rejeição ao MPLA, João Lourenço parece disposto a subverter essa norma. A acção é vista como uma tentativa desesperada de manter-se no poder, uma estratégia que, se não for interrompida, poderá levar o MPLA a uma crise existencial.

Nas últimas eleições de 2022, a UNITA, liderada por Adalberto Costa Júnior, saiu victoriosa nas urnas, embora o MPLA tenha recorrido a práticas de força para se manter no poder. A UNITA, com uma mensagem de inclusão e de transição política pacífica, oferece uma alternativa que atrai cada vez mais a população angolana. O próprio João Lourenço, em sua mesa de votação, viu a victória escapar-lhe das mãos, enquanto Adalberto Costa Júnior consolidava seu apoio popular.

Segundo o Afrobarometer, 83% da população angolana está insatisfeita com o governo do MPLA. Esta insatisfação é o reflexo de décadas de má governação, corrupção e repressão, mas também um prenúncio de que o tempo do MPLA no poder pode estar se esgotando.

O cientista político Carlos Pacatolo, que militou no MPLA por muitos anos, defendeu, em sua tese numa prestigiada universidade em Portugal, que o declínio do MPLA começou em 2008 e só tem se acelerado desde então. Para muitos analistas, o próximo congresso do MPLA será um divisor de águas. As tensões internas no partido, alimentadas pela ambição de João Lourenço, indicam que a luta pelo poder pode ser brutal e, possivelmente, a última batalha do MPLA como o conhecemos.

Enquanto isso, Adalberto Costa Júnior e a Frente Patriótica Unida oferecem uma visão de um governo inclusivo, que promete “um governo com todos, para todos e por todos os angolanos”. Neste novo cenário político, as janelas de oportunidade serão abertas para todos, sem exclusão, em um contraste gritante com as décadas de políticas excludentes do MPLA.

João Lourenço, ao tentar assegurar um futuro político para si mesmo, pode estar sacrificando o futuro do MPLA. A história mostra que, quando líderes ultrapassam os limites da prudência em busca do poder absoluto, o resultado é, muitas vezes, desastroso. Resta saber se o MPLA sobreviverá à ambição de seu líder actual ou se o partido, como tantos outros na história, será vítima de sua própria arrogância.

Por Hitler Samussuku

Jose Juliano

Jose Juliano

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